26 de março de 2011
Mostra Cultural - Novembro de 2010
Nossa mostra cultural foi um sucesso. As fotos refletem um pouquinho do trabalho exibido. Temos um acervo enorme de fotografias, entretanto não puderam ser postadas pois não temos a autorização de imagem de crianças e pessoas. Pena!
Nosso patrono "Cel João Negrão" e a travessia do Atlântico
Escrito por Alex Rodrigues |
Seg, 22 de Novembro de 2010 12:06 Sobre João Ribeiro de Barros - o comandante Sobre João Negrão - o coopiloto |
Os anos 20 deste século ensejaram a maior competição de homens e máquinas já registrada pela História, transformando o Oceano Atlântico num verdadeiro túmulo de heróis - uma geração de homens a quem a humanidade tanto deve: Colli, Alan Cobhan, Magdalena, Sacadura, Saint Romain, Mermoz..." e tantos outros. Com 26 anos de idade, idealizou, organizou, financiou, comandou e executou o vitorioso vôo, tendo como tripulantes o navegador Newton Draga, o co-piloto Arthur Cunha, substituído por João Negrão, e Vasco Cinquini, mecânico. O reide - que não recebeu quaisquer tipos de ajuda, quer oficial ou de iniciativa particular ou empresarial - foi marcado por acontecimentos que o transformaram numa verdadeira epopéia, com episódios de perseguição, heroísmo, traição, sabotagem, doença, resignação, renúncia e coragem, competindo cultural, científica e economicamente com as maiores potências européias e americana da época. No momento mais dramático e perigoso do vôo, há 2.400 Km do Brasil - quando o "JAHÚ" pousou junto a Ilha São Tiago (em Porto Praia), arquipélago de Cabo Verde, para abastecimento e reparos - o piloto auxiliar, zarpando para a Europa, procurou a imprensa para desmoralizar aquele que o havia contratado até o término do percurso. Suas declarações impulsivas ou distorcidas pela imprensa, causaram grande repercussão internacional, criando inclusive um problema diplomático, entre a Espanha e o Brasil. Depois de constatar a presença de água, sabão caseiro e areia nos depósitos de combustível, o comandante Ribeiro de Barros resolve desmontar os motores do hidroavião, tendo sido encontrado um pedaço de bronze no fundo da cárter do propulsor, corpo estranho ali colocado com o propósito deliberado de danificar o conjunto mecânico e provocar a interrupção do vôo. Todos esses fatos tornaram-se públicos e o governo brasileiro envia um telegrama ao comandante do "JAHÚ", em Porto Praia, ordenando-lhe que interrompesse o reide, encaixotasse o aparelho e retornasse ao Brasil. Indignado pelo teor do texto, responde prontamente pela mesma via: Exmo. Sr. Presidente. Cuide das obrigações de seu cargo e não se meta em assuntos dos quais Vossa Excelência nada entende e para os quais não foi chamado. Ass. Comandante Barros. Face aos acontecimentos que amarguravam o jovem piloto, e num gesto admirável de renúncia, sua mãe, Margarida Ribeiro de Barros, compreendendo a angústia do filho e a ansiedade da alma brasileira, envia-lhe do Brasil um telegrama que passaria a fazer parte da História do "JAHÚ": "... Aplaudimos tua atitude. Não desmontes o aparelho... Paralisação de reide será fracasso. Asas avião representam Bandeira Brasileira... Bênçãos de tua mãe, Margarida. " Osório Ribeiro, irmão do aviador, contrata no Brasil um novo co-piloto, João Negrão, e segue com ele para Cabo Verde. Ao deparar com o comandante do "JAHÚ", magro, pálido e debilitado pela quarta crise consecutiva de malária, tamanhas adversidades e provações do irmão, não contém as lágrimas. Dia 28 de abril de 1927 - Quatro e meia da madrugada. A população da Ilha de São Tiago (Cabo Verde), acorda sobressaltada com o rugido ensurdecedor de 1.100 HPs (550 em cada motor) de potência a plena rotação, cuspindo fogo pelas 24 trompas de escape e tal qual um monstro enfurecido vai rasgando uma a uma as ondas para depois apoiar-se nas asas e alçar vôo. O "JAHÚ" contorna repetidas vezes a ilha, para ganhar altura, enquanto as luzes do povoado se acendem lá embaixo e vão ficando para trás... Trazendo o manche em direção ao peito, Ribeiro de Barros grita aos companheiros: apaguem todas as luzes de bordo. Eu quero ver o Cruzeiro do Sul, mesmo que seja pela última vez. E ajusta o nariz da aeronave rumo ao Brasil. Onze horas de vôo. Tempestade... ventos fortes sacodem o "JAHÚ". A água gelada arremessada pelas hélices penetram a carlinga aberta, escorre em abundância pela blusa de couro, encharcando o macacão e botas do comandante Barros e se deposita no assoalho da cabina de comando. Um forte estampido, seguido de um abalo na aeronave, põe em alerta a tripulação. O "JAHÚ" que demonstrara tanto vigor até aquele instante, começa a acusar sinais de cansaço. A hélice traseira sofrera uma avaria. Barros pede calma aos companheiros, enquanto reduz para 500 RPM o motor traseiro vagarosamente, testando a resposta do avião. Ato contínuo arremete para 1.500... 1.600... 1.700 as rotações do motor dianteiro. O avião encontra-se no limite da sustentação aerodinâmica, mas, o altímetro continua estável: 250 m de altura. A altitude média dessa histórica viagem foi de 300 metros, numa velocidade de 190 K/h - recorde absoluto por dez anos consecutivos. O navegador que estava debruçado sobre a carta geográfica, mal podendo manipular régua e compasso, levanta o braço direito com o punho cerrado, esmurrando o espaço - num gesto ritual de vitória - e grita: atravessamos o Equador... Em seguida passa ao Barros, através do Negrão, um bilhete com as letras trêmulas - LAT 2 º. S. Barros esboça um sorriso e anota no verso: "450 litros" e devolve ao Braga. 17 horas O "JAHÚ" faz um pouso triunfal em águas brasileiras, na enseada Norte da ilha Fernando de Noronha. Nos tanques, restavam ainda 250 litros de combustível, como atestou o comandante Nisbet, no navio Ângelo Toso, de bandeira italiana, que presenciou à distância a amerissagem. Foi a conquista da raça brasileira nos domínios do espaço, sendo esse feito reconhecido mundialmente na época e o aviador brasileiro recebeu condecorações, honrarias, diplomas e prêmios de inúmeros governos estrangeiros. Dez anos depois do vitorioso vôo do "JAHÚ", a Liga Internacional dos Aviadores, sediada em Paris, na França, concede ao comandante Barros a mais importante de suas condecorações, o troféu Harmon, como prova de reconhecimento, ao mesmo tempo em que o nomeia para o cargo de vice-presidente da LIA. No Brasil, as homenagens e manifestações de júbilo aos tripulantes do "JAHÚ" arrastaram-se por meses seguidos, conforme documentam as publicações da época. Em 1.930 João Ribeiro de Barros adquire na França um avião Breguet e o batiza com o nome de sua mãe, Margarida - falecida no ano anterior - com o fim de realizar um vôo do Rio de Janeiro a Paris. Quando se dirige ao Campo dos Affonsos, para iniciar o reide, proíbem-lhe o acesso ao aparelho. Seu avião é confiscado por ordem do governo, para ser usado contra as forças paulistas na revolução que acabara de eclodir, Meados dos anos 40 Encontra-se Ribeiro de Barros em sua fazenda, quando é surpreendido pela presença do delegado Amazo Neto acompanhado por oito investigadores. Dão-lhe voz de prisão, sob a alegação de estar ele, Ribeiro de Barros, publicando um jornal clandestino contra a ditadura Vargas. Vasculham sua casa em Jaú e transportam-no, escoltado, para São Paulo, onde dão busca em seu apartamento. Nada constando contra ele, dão-lhe de novo a liberdade. Volta o aviador jauense para sua fazenda Irissanga profundamente abalado, remoendo com resignação e silêncio as adversidades e as mazelas humanas. Morre nos braços de seu irmão Osório, aos 20 de julho de 1.947. O mito norte-americano Charles Lindbergh, completou seu vôo de Nova York a Paris, aos 21 de maio de 1.927, portanto, 23 dias depois do brasileiro João Ribeiro de Barros. O hidroavião "JAHÚ", bem como dezenas de troféus, diplomas cartões de ouro e de prata, pedras preciosas incrustadas em artefatos de ourivesaria, documentos, medalhas, condecorações e objetos relativos ao vôo - cedidos pela família Ribeiro de Barros - encontram-se sob a guarda do Museu da Aeronáutica de São Paulo, administrado pela Fundação Santos Dumont. Por iniciativa do Rotary Club de Jaú e através de subscrição pública, foi erigido e inaugurado em 1.953, durante as condecorações do centenário da cidade um mausoléu de granito com a estátua em bronze do aviador, na praça Siqueira Campos. Uma importante rodovia que vai do centro do Estado ao limite Oeste paulista, leva o nome do comandante João Ribeiro de Barros. (...) Um Adendo Esclarecedor Esse reide aéreo foi previsto para ser executado em três etapas distintas, embora toda sua extensão, de Gênova a Santo Amaro (SP), isto é, a ligação Europa-Brasil, sempre estivesse no programa. 1ª. Etapa: teve, principalmente, o escopo de "transportar" o hidroavião até a posição geográfica-terrestre – ao longo da costa africana, mais próximo possível do Brasil. Entretanto, essa foi a etapa mais complicada e mais demorada, com inúmeros problemas técnicos, provocados diretamente por algumas sabotagens com o visível intuito de impedir a realização do reide. Com muito sacrifício, foram sanadas as dificuldades, e o "JAHÚ" ficou pronto para seu principal objetivo. 2ª. Etapa: Esta, sim, foi a principal etapa de todo o empreendimento: a travessia do Oceano Atlântico, em vôo direto, sem escalas, e que foi plenamente efetuada, conforme descrição histórica e jornalística, divulgada na ocasião, em todo o mundo, e, aliás justifica o enorme acervo de troféus (medalhas, comendas, diplomas etc. ) oferecido ao Comandante João Ribeiro de Barros, como reconhecimento "oficial" dessa espetacular epopéia! O "Harmon Trofhée", ganho por ele, dez anos após o reide, foi exclusivamente em função desta etapa principal. 3ª. Etapa: De Fernando de Noronha a Santo Amaro (SP), com escalas em Natal, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santo Amaro, constituiu-se apenas em atendimento às "Comissões de Festejos"e à consagração pública dos tripulantes. Eis porque alguns historiadores e enciclopedistas, ficaram com a imagem menos exata sobre o vôo do "JAHÚ", supondo que ele teria sido efetuado com inúmeras escalas! |
Última atualização em Seg, 22 de Novembro de 2010 18:38 |
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